Ouvir as pessoas é o segredo para empresas se adaptarem a um novo mundo
Atualizado: 18 de jul.
O CBTD 2024 – 39ª edição do maior Congresso de Treinamento e Desenvolvimento da América Latina.
reuniu personalidades de peso para apresentar as principais tendências de RH e Carreiras, visando fomentar o bem-estar dos colaboradores, além de destacar a importância de trabalhar a cultura organizacional e a marca empregadora.
Para Igor Cozzo, diretor executivo da ABTD (Associação Brasileira de Treinamento e Desenvolvimento), a edição superou muito as expectativas.
“Sentimos o clima de amizade e confraternização entre os visitantes, ou seja, um momento de engajamento em prol do desenvolvimento de pessoas.
Neste clima amistoso, recebemos feedbacks muito positivos dos participantes em relação às palestras, pois elas trouxeram muitos insights e tendências de mercado, estando completamente alinhadas com a realidade e as necessidades das organizações”, disse.
Em relação às expectativas para 2025, ele acredita que há um enorme desafio pela frente, sendo um deles aumentar o espaço dos expositores no congresso, pois desejam ter mais contato com o público.
“O sucesso desta edição é gratificante. É o resultado do trabalho que realizamos em equipe, com destaque para a atuação dos nossos Amarelinhos, que mais uma vez deram um show de acolhimento, empatia e suporte para os presentes”, conclui.
A importância de olhar para dentro
Na palestra “Espaços seguros, mentes criativas”, Adriana Alves lembrou que para pensar na satisfação do consumidor é preciso estar atento ao que acontece dentro da companhia.
“Os colaboradores também são consumidores e os colaboradores também vendem. Será que a gente sabe para quem a gente vende? Será que a gente conhece os nossos próprios consumidores e clientes? Infelizmente, não. Eu diria para vocês que não”, explicou.
De acordo com ela, o Brasil mostra-se uma grande potência, mas o caminho ainda é longo:
“Eu vejo que produtos, inovação, o próprio atendimento a serviços para essas pessoas ainda têm um gap, uma lacuna muito grande para a gente ocupar.
Após realizar uma pesquisa, entendi que só incluir não basta e que saúde mental e segurança psicológica têm rosto, cor, gênero, século, e têm todas essas características em diversas camadas da diversidade.
A diversidade precisa ser um pilar, um dos grandes pilares hoje nas empresas, inclusive dentro dos próprios conselhos”, enfatiza.
Razão ou emoção?
Danni Suzuki, em sua palestra “O futuro é humano”, apontou que muitas pessoas vivem no “oito ou oitenta”, tomando decisões somente pela razão ou apenas pela emoção.
“O neurocientista português António Damásio comprovou que todas as nossas emoções são que o lideram nossas decisões.
E isso fez uma grande revolução não só na ciência, mas em diversas áreas. Na medicina, imagine se um médico define como vai operar uma criança com base no humor.
Isso foi revolucionário porque nos colocou para pensar sobre as próprias emoções”, conta.
Ela ainda citou o psicólogo Paul Ekman, pioneiro no estudo das emoções, que definiu que existem seis emoções básicas, provavelmente comuns a todos os seres humanos: raiva, medo, nojo, surpresa, alegria e tristeza.
“O fato é que a combinação dessas seis emoções e a intensidade leva essa lista a milhões. Então, hoje são incontáveis a quantidade de emoções que nós somos capazes de produzir.
A minha falta de sentir alegria nunca vai ser a mesma que a dela. A minha falta de sentir tristeza não vai ser igual à dela.
E aí, no mais, a gente pode sentir várias emoções ao mesmo tempo. Eu posso me mostrar muito feliz de estar aqui, no entanto, ao mesmo tempo estar carregando uma certa tristeza”, pontua.
Carreira Evolutiva ou Carreira Reativa? Um convite à reflexão
Dan Porto, Head de Liderança, Coaching & Mentoring, também mostrou que muitas pessoas tratam suas carreiras de forma reativa, quando deveriam pensar de forma progressiva, e convidou o público a refletir sobre os próprios comportamentos.
“Na carreira reativa, as pessoas são movidas pelo medo e insegurança e focam na sobrevivência e na aprovação externa. Quando falamos de uma posição de evolução, pensamos em decisões tomadas com propósito e autorrealização, pensando a longo prazo e em busca de deixar um legado”, conta.
Ele ainda citou uma frase do ator Jim Carrey, que diz que “na vida, você pode errar fazendo o que não gosta, então vale a pena arriscar fazer o que ama”.
O especialista mostrou que, com isso, é preciso deixar o piloto automático de lado para definir um objetivo claro para entender as melhores formas de alcançar.
A sociedade é capacitista, porque o capacitismo é estrutural
Anita Cardoso, doutoranda em Administração e estudiosa do capacitismo, fez uma análise histórica da sociedade com relação a pessoas com deficiência.
“As crianças e adultos com deficiência eram marginalizados, eliminados ou até abandonados até morrer. Antigamente, víamos sacrifícios justificados pela manutenção de uma sociedade com corpos perfeitos e isso perpetuou-se por muitos séculos”, lembrou.
Ela ainda lembrou que, inicialmente, a caridade era um negócio, em que os representantes dos governos criavam instituições sociais, asilos, orfanatos como práticas e “preocupação” com o bem-estar. Em contrapartida, era oferecido uma “salvação da alma”.
“Se fizermos um retrospecto, a sociedade ainda é capacitista.
Quando nossas construções não possuem rampas, elevadores, banheiros adaptados, conforme previsto na lei brasileira, dizemos que pessoas com deficiência não precisam dos mesmos lugares que nós.
Devemos investir em closed caption, legendas, janela de libras, audiodescrição, libras tátil, braille e muito mais”, conclui.
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