No Brasil, há dois fatores que mais engajam os funcionários – e nenhum deles é o salário
Existe uma diferença entre os benefícios que são declarados importantes pelos funcionários e os benefícios que impulsionam o engajamento; entenda como está esse cenário no Brasil
O salário não é o único fator que está engajando funcionários no mercado de trabalho, segundo estudo que traça o perfil de funcionários na América Latina.
“O RH sofre há alguns anos o desafio de não só atrair, mas reter talentos. Entender o que de fato é importante para engajar um funcionário pode contribuir para a elaboração de estratégias consistentes”.
No Brasil, o clima e os benefícios são os fatores que mais explicam o engajamento no trabalho dos funcionários, com 24% e 23%, seguido de propósito e cultura, com 22% e 18%.
"Em um país como o Brasil, que enfrenta altos índices de ansiedade e depressão, um bom ambiente de trabalho e a oferta de benefícios que promovem equilíbrio entre vida pessoal e profissional, são essenciais para mitigar problemas com engajamento”.
Os profissionais brasileiros são os que mais recusariam promoção no trabalho para preservar o bem-estar, segundo estudo global de uma consultoria especializada em recrutamento de executivos.
“De acordo com a pesquisa, 56% dos profissionais brasileiros recusariam uma promoção a fim de preservar o bem-estar”.
O Brasil oferece mais benefícios do que a média da América Latina. Segundo a pesquisa, a nota das empresas brasileiras no quesito benefícios foi de 86 pontos, dez pontos percentuais acima da média da região.
Com relação à idade, as gerações Y e Z são destaque no estudo, sendo a geração que mais possui benefícios.
“Isso pode refletir uma adaptação das empresas para atender às expectativas dos trabalhadores mais jovens, que valorizam não apenas o salário, mas também benefícios relacionados ao equilíbrio entre vida pessoal e profissional, flexibilidade e desenvolvimento pessoal”.
Considerando o total de entrevistados, os funcionários se dividem de forma diferente entre os benefícios:
50% recebem benefícios envolvendo proteção (seguro de vida, plano de saúde, etc),
44% desenvolvimento profissional (cursos e incentivos para pós-graduação e demais especializações),
42% flexibilidade (para equilíbrio de vida pessoal e profissional),
38% reconhecimento (prêmios e bonificações),
32% bem-estar físico (acesso a academias),
30% bem-estar mental (auxílio para terapia),
Apenas 23% sentem que recebe remuneração adequada.
Apesar dos benefícios oferecidos pelas empresas serem relevantes para o engajamento, muitos funcionários ainda acham que seus salários não correspondem ao que consideram justo para suas funções.
“Isso pode indicar que o mercado de trabalho, embora esteja investindo em benefícios, pode não estar acompanhando as expectativas salariais dos profissionais.
A questão não parece estar ligada à qualificação dos trabalhadores, mas sim a uma possível defasagem salarial em relação às expectativas dos funcionários.”
Benefícios importantes para funcionários X benefícios que engajam
Existe uma distinção entre os benefícios que são declarados importantes pelos funcionários e os benefícios que efetivamente impulsionam o engajamento. A pesquisa mostrou que:
26% dos participantes gostariam de ser mais bem remunerados;
19% gostariam de ter benefícios ligados à proteção (seguros),
16% à flexibilidade (18% mais importante para mulheres do que para homens);
14% gostariam de receber incentivos para cuidar da saúde mental;
10% queriam ser reconhecidos no ambiente de trabalho;
9% desejam ser incentivado a se desenvolver profissionalmente;
6% gostariam de benefícios relacionados à saúde física.
“É fundamental haver um equilíbrio entre esses dois indicadores (engajamento e satisfação).
A flexibilidade e um bom clima são importantes para impulsionar o envolvimento dos funcionários, mas fato é que maioria gostaria de receber um salário justo frente às atividades que desempenham”.
O estudo foi realizado online, em junho, com mais de 100 empresas do Brasil, Chile, Colômbia, Equador, México e Peru.
De maneira geral, o engajamento foi medido em seis dimensões: permanência, recomendação, orgulho, prestígio, satisfação e legado. No Brasil, 417 mulheres e 383 homens responderam ao questionário, entre 18 e 65 anos.
Fonte: Exame
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